terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Flores!


Tenho certeza que escolhi as mais belas flores para dar de presente a ela, aliás, o próprio Lednar que costuma ter um gosto exótico sobre tudo, disse que as flores estavam bonitas e, cá entre nós, receber um elogio do Lednar é uma exceção. Sendo sincero, seria exceção se fosse flores com objetivos "comuns", mas ele sabia que havia sentimentos naquelas flores e então decidiu dar seu apoio a seu amigo, ou seja, para mim. Sinto-me estranho por ter deixado aquelas flores na casa dela com o nome do namorado no cartão, mas queria ter a certeza de que ele não desconfiasse que as flores fossem minhas. Quanto a ela, com certeza descobrirá que as flores não eram ato de autoria do seu namorado e baseado no que sei sobre ela, chegaria à conclusão mais lógica que as flores seriam de outra pessoa que tem medo de demonstrar seu amor, e então ela ficaria se perguntando quem seria essa outra pessoa e possivelmente chegaria à resposta certa que seria eu, então ela iria atrás das respostas para as suas perguntas, mas nessa hora será tarde demais, pois meu navio já terá partido e tudo que lhe restará é uma certeza e uma dúvida no coração dela. A certeza de que ela nunca estará sozinha, e a dúvida de quem enviou as flores, e Partindo de sua dúvida eu poderei perceber o quanto ela se importa comigo, pois tenho a certeza de que a primeira imagem que virá na mente dela é a minha, e isso será o suficiente para eu estar pronto para a guerra, para a revolução. Para a morte.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Onde você está?

"Veja, ó grande senhor Deus, olhe para quem desafiou Sua criação. Olhe para mim, aquele que desafiou os Seus poderes. Veja grande Deus que banha a terra com as mais cristalinas lágrimas que o mundo deixou para trás. Veja meu querido Deus, o que eu fiz. Olhe para esse campo de batalha imundo no qual eu sou protagonista. Olhe Deus, estou consertando o erro que Você cometeu ao criar esses humanos inúteis. Abra Seus olhos e veja, Deus, eu venci. Venci porque Te desafiei e acreditei em Você, venci por que Você estava comigo, venci porque eu Te traí do mesmo modo que meu irmão traiu a vós, deixando-nos nessa terra imunda de destruição e luta por poder, para alimentar um ego e morrer um dia, fazendo-nos acreditar que nossos esforços não são em vão. Ajude esses pobres insetos agora Deus, olhe para cada um desses rostos imundos e prove desse sangue indescritível que alimentam as suas veias e, faça milagre agora, faça milagre agora! Cure-os, esses insetos vagabundos! Você foi sempre o soberano no qual o povo tinha orgulho em pronunciar Seu nome e confiar em Você. Para onde você foi agora? Deus! Onde você esta? Onde você está? Você perdeu Deus, perdeu em Seu próprio jogo e agora não poderá fazer mais nada. Não fuja da minha festa, Você é o convidado especial dela. Venha! Assista a minha revolução e reze, reze por Você mesmo."
Lednar Rhourt




quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Lembranças em Dusseldorf

Entre aquele vasto nevoeiro que dominou a solitária noite de outono em Dusseldorf a lua incadescia timidamente, moldurando sutilmente a natureza que ali estava, dando complexas tonalidades aos diferentes seres que habitavam e toda a vegetação presente. A noite não era a mesma, nem os dias. Os tempos estavam mais frios, mais escassos e mais solitários - resmungava o homem diante da imagem de Deus que comprara em um camelô e levava consigo para todos os lugares. Era seu fiel companheiro das noites solitárias. Uma das noites ele perdeu, perdeu tal imagem, perdeu a fé, perdeu a vida. Agoniado, correu, fugiu, entrou na floresta e se escondeu. Minutos depois ouvia-se um coração humano palpitando desesperadamente, e o som do vento e dos arbustos já não eram mais suficiente para cobrir tanta agonia contida em um ser e diante dessa cena, a natureza se acordou. Os animais ficaram espantados ao se deparar com a figura de um homem chorando sobre a rocha mais alta da floresta, rezando debaixo daquele luar que queimavam os olhos de esperanças de qualquer ser - rezava por que acreditava em Deus, ou talvez por que não tinha mais nada a fazer diante das situações vivenciadas por ele. Mas, diante de todo clima sóbrio e da atmosfera negativa que ali estava presente, era possível ver que existia esperança em seus olhos, e foi nesse momento, quando ele mostrou toda sua fragilidade e simplicidade, que a toda a complexibilidade da natureza e toda sua agonia deixou de existir e os animais decidiram se esconder sobre os nevoeiros para deixar o coração do homem brilhar sobriamente, por pureza, por agonia, por uma bela agonia que chamava de amor e que não existira mais. Partiu-lhe para o outro mundo por sua culpa, mas sem querer - era o que diziam sobre o assunto. Uma dor que ele não conseguirá superar nunca, mas que foi presenciada pela natureza que percebeu a grandeza de um homem, e que lhe ajudou, confortando-lhe e mostrando a pureza da sua alma diante de tais circunstâncias. 

Choveu! Choveu naquela solitária noite de outono.
Eram os Deuses chorando por terem visto aquela cena.

Dusseldorf, 10 de Julho de 1979